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APÊNDICE B - O Parêntese Joanino
Otto Fuller, no livro “Which Bible”
(Traduzido por Valdenira N.M. Silva, 2000)
1 João 5:6-8:
5:6 Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo: não só por água, mas por água e por sangue. E Obrigado(a), Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.
5:7 Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um.
5:8 E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água, e o sangue; e estes três concordam num. (Almeida Fiel, equivalente à King James Bible)
A porção em negrito, na passagem, é omitida na NIV [New International Version] e RSV [Revised Standard Version] e tem [enganadoras] notas de rodapé ou está faltando em aproximadamente todas as versões modernas as quais, em lugar desta passagem, têm: "há três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue", ou algo muito semelhante.
Comentário: Esta Escritura tem sido chamada "Parêntese Joanino" pelos críticos textuais. O verso (versículo), do modo que encontrado na King James, é o mais forte verso (versículo) isolado sobre a Santa Trindade, em toda a Bíblia. Como tal, não é de surpreender que ele seja objeto de veemente debate e objeto do ataque de Satanás. É um comentário triste e vergonhoso sobre os nossos tempos, o quão prontamente os crentes modernos abrirão mão desta e de outras passagens, "baseados em razões textuais", sem se darem ao trabalho de se aprofundar mais nas evidências.
Dr. J.A. Moorman (um dedicado e piedoso ministro de Deus) bem sumariou a postura da crítica textual moderna que insiste na omissão da passagem. Ela alega que: [1][1]
1. A passagem está ausente em todos os manuscritos gregos conhecidos exceto quatro, e estes contêm a passagem no que parece ser uma tradução de uma recensão (revisão ) recente da Vulgata Latina. Estes quatro, todos eles, são manuscritos recentes. Eles são: um do século XVI (manuscrito #61); um do século XII (ms #88), que tem a passagem escrita na margem por uma mão mais recente; um do século XV (ms #629); e um manuscrito do século XI, que tem a passagem escrita na margem por uma mão do século XVII.
2. A passagem não é citada por nenhum do Pais Gregos que a teriam empregado como uma prova nas controvérsias (Ariana e Sabeliana) sobre a Trindade, se eles tivessem conhecimento da existência da seção. Seu primeiro aparecimento em grego está em uma versão de 1215, do latim para este idioma, do Atos do Concílio de Latrão.
3. A seção inexiste nos manuscritos de todas as versões antigas exceto a Latina. Mesmo então, ela não é encontrada na Antiga Latina na sua forma inicial e ela não está na Vulgata de Jerônimo (cerca de 405).
A instância mais antiga onde a passagem é citada como parte do texto real de Primeira João é um tratado latino do século IV. Supostamente, o "comentário" surgiu quando a passagem original foi entendida simbolizando a Trindade (através da menção das três testemunhas: O espírito, a água e o sangue). Esta interpretação, eles nos dizem, pode ter sido escrita primeiramente como uma nota marginal e, à medida que o tempo foi passando, ela se introduziu dentro do texto.
O "comentário" foi citado [erroneamente, segundo os críticos modernos] pelos Pais Latinos na África do Norte e na Itália no século V como parte do texto da Epístola. Do século VI em diante, ele é encontrado mais e mais freqüentemente nos manuscritos da Antiga Latina e da Vulgata.
4. Se a passagem fosse original, razão ou razões compelentes deveriam ter sido encontradas para explicar a sua omissão, quer acidental ou deliberada, por todos os copistas de centenas de manuscritos gregos e pelos tradutores das versões antigas (isto é chamado "probabilidade transcricional") [ver o livro “Which Bible”, do qual este atual trabalho é um apêndice]. Finalmente, eles nos informam que a passagem faz uma quebra absurda no sentido (isto é chamado "probabilidade intrínsica") [ver o mesmo livro].
Aí está! Estes são os argumentos padrão que têm sido repetidos ad nauseam. Certamente soam convincentes, mas será que está sendo foi dita toda a verdade? Somente a verdade?
A EVIDÊNCIA EXTERNA PARA O "PARÊNTESE"
Logo de partida e francamente, nós admitimos que o Parêntese Joanino tem, de longe, o menor suporte grego de qualquer passagem do Novo Testamento. No entanto, há muito a ser oferecido em defesa da sua inclusão na Escritura. Quanto à evidência externa, nós começamos por dar notícia ao leitor que a 26a edição de Nestle-Aland lista 8, e não 4, manuscritos gregos como tendo a seção. [2][2] Um outro é citado por Metzger e pela 1a edição da UBS, elevando o total a nove. Ademais, o aparato crítico de Nestle-Aland menciona que outros manuscritos gregos contêm a leitura na margem.
É usualmente sustentado pelos críticos que um número destes manuscritos constitui mera cópias da Vulgata neste ponto de I João 5:7. Mas as palavras daqueles críticos são cuidadosamente acolchoadas com sutis palavras limitadoras (tais como, "parecem ser") que revelam ao leitor prudente que de modo algum a afirmativa é uma certeza. Assim, a lista dos manuscritos gregos presentemente conhecidos e que contêm o "Parêntese" não é longa, mas é certamente mais longa (e crescente) do que muitos desejariam que nós crêssemos. [3][3]
Embora haja uma pobreza de suporte para o texto no Oriente que falava grego, há algumas versões [traduções] mais recentes no Oriente que incluem a porção em questão, tais como a primeira Bíblia Armeniana (publicada em 1666 e baseada primariamente em um manuscrito Armeniano datado de 1295) e a primeira Bíblia impressa em Georgiano, publicada em Moscou, em 1743. [4][4]
Quanto à contenção dos críticos de que “a passagem não é citada por nenhum dos Pais Gregos que a teriam empregado como prova nas controvérsias sobre a Trindade se eles tivessem sabido da existência da seção”, nossa primeira resposta é que nunca existiu nenhuma controvérsia destas.[5][5] Durante os primeiros séculos da Igreja, os assuntos debatidos entre os crentes e os heréticos envolveram a divindade e a humanidade de Cristo. A contestação mantida com e entre estes heréticos não se estendeu além das considerações da segunda Pessoa (se o Filho possuía uma subsistência em duas pessoas, ou se possuía duas subsistências em uma pessoa, etc). As contestações não assumiram a forma de uma controvérsia sobre a Trindade, portanto nenhuma ocasião adequada surgiu para se citar o verso (versículo) em questão.
Em segundo lugar, os Pais do Oriente antigo são silenciosos em aproximadamente todas as coisas pela simples razão de que as suas obras literárias não têm sobrevivido até o presente.[6][6] Relevante neste assunto, Harry A. Sturz fez o seguinte comentário “...não há nenhum Pai Antioquino mais antigo do que Crisóstomo (que morreu em 407) e cujos remanescentes literários sejam bastante extensos de modo que as suas citações do Novo Testamento possam ser analisadas quanto ao tipo de texto a que eles dão suporte”. [7][7] Moorman nota que há razões para duvidar de que qualquer pesquisa séria tenha sido realizada sobre os Pais do Oriente, de Crisóstomo em diante, ou sobre as versões, porque desde Westcott and Hort uma nuvem tem caído sobre o cenário textual e muito pouca atenção tem sido dada a I João 5:7. [8][8]
Ainda crucial ao assunto em foco é a pergunta se há quaisquer referências à passagem antes de 1522, o ano em que ela foi supostamente adicionada à Bíblia, por Erasmo.
A evidência favorável é mais forte no antigo Império Romano Ocidental. A expressão “três Testemunhas celestiais” está contida em praticamente todos os manuscritos sobreviventes da Vulgata Latina.[9][9] Embora não tenha sido incluída na edição original de Jerônimo, ao redor do ano 800 ela foi colocada no texto da Vulgata, a partir dos manuscritos da Latina Antiga.[10][10] A expressão faz parte do texto de uma Bíblia Latina Antiga, do 2o século. A passagem foi citada por Tertuliano (morto em 220}, Cipriano de Cártaga (morto em 258) e Prisciliano, um crente espanhol executado sob a acusação de heresia em 385 D.C.[11][11] A expressão é encontrada em “r”, um manuscrito da Antiga Latina datado do século V, e em uma confissão de fé escrita por Eugênio, bispo de Cártaga, em 484. Depois que os Vândalos derrotaram as províncias africanas, o rei deles (Hunnerich) convocou os bispos da Igreja Africana e das ilhas adjacentes para deliberar sobre as doutrinas ligadas à passagem [hoje] disputada.[12][12] Entre trezentos e quatrocentos prelados participaram do Concílio em Cártaga enquanto Eugênio, um bispo daquela diocese, esboçou a confissão da ortodoxia na qual o 7o verso (versículo), [hoje] contestado, foi expressamente citado.[13][13] Que toda a Igreja Africana reunida em concílio teria concordado em citar um verso (versículo) que não estava contido no texto original é totalmente inconcebível. Isto alto e forte proclama que o 7o verso (versículo) foi parte do seu texto desde o princípio. O verso (versículo) foi citado por Virgílio (490) de Thapsus, Cassiodoro (480-570) da Itália, e Fulgêncio (morto em 533) de Ruspe na África do Norte. Ademais, esta não é uma lista completa. Portanto, testemunho mais antigo, para este verso (versículo) chave da Trindade, na realidade existe, sim.
A EVIDÊNCIA INTERNA DA CRÍTICA SUSTENTA O “PARÊNTESE”
Se 1João 5:6-8 for retirado do texto grego, as duas pontas soltas resultantes não se unirão gramaticalmente. A língua grega tem “gênero” na terminação dos seus substantivos (como fazem muitas outras línguas). Substantivos neutros normalmente exigem artigos neutros (a palavra “o”, como em “o sangue”, é o artigo). Mas o artigo no verso (versículo) 8 da leitura encurtada que é encontrada no grego que é a base das versões modernistas (verso (versículo) 7 do texto grego da Bíblia do Rei Tiago) é masculino. Assim, as novas traduções lêem “o Espírito (neutro), a água (neutro) e o sangue (neutro): e estes três (masculino!! – do artigo grego “hoi”) são um.” Conseqüentemente, três sujeitos neutros estão sendo tratados como masculinos (veja abaixo onde a porção omitida é italizada).[14][14] Se o “Parêntese” for rejeitado, é impossível explicar adequadamente esta irregularidade. Adicionalmente, sem o “Parêntese” o verso (versículo) 7 tem um antecedente masculino; três sujeitos neutros (substantivos, no verso (versículo) 8) não admitem um antecedente masculino. Vendo-se a passagem completa, torna-se aparente como esta regra de gramática é violada quando as palavras são omitidas.
5:6...E o Espírito (neutro) é o que testifica (neutro), porque o Espírito (neutro) é a verdade.
5:7 Porque três (masculino) são os que testificam (masculino) no céu: o Pai (masculino), a Palavra (masculino), e o Espírito Santo (neutro); e estes três (masculino) são um (masculino).
5:8 E três (masculino) são os que testificam (masculino) na terra: o Espírito (neutro), e a água (neutro), e o sangue (neutro); e estes três (masculino) concordam num.
Quando pedimos aos eruditos uma explanação para esta estranha situação, a resposta é que a única maneira de explicar o uso do masculino dos três neutros no verso (versículo) 8 é que aqui eles têm sido “personalizados”.[15][15] Todavia, nós observamos que o Espírito Santo é referenciado duas vezes no verso (versículo) 6 e, como Ele é a terceira pessoa da Trindade, isso equivale a “personalizar” a palavra “Espírito” – mas o gênero neutro é usado. Portanto (como Hills observou) uma vez que “personalização” não acarretou uma mudança de gênero no verso (versículo) 6, não pode razoavelmente ser alegada como a razão para tal mudança no verso (versículo) 8.[16][16]
O que, então, deve ser feito para explicar [as dificuldades do Texto Crítico]? A resposta é que alguma coisa está faltando! Se nós retemos o Parêntese Joanino, uma razão para referenciar os substantivos neutros (Espírito, água e sangue) do verso (versículo) 8 usando o gênero masculino torna-se imediatamente clara.[17][17] A chave é o princípio da “influência” e “atração” na gramática grega.[18][18] Que influência faria com que “que testificam” em verso (versículo) 7 e “estes três” em verso (versículo) 8 subitamente se tornarem masculinos? A resposta só pode ser: [isto ocorreu] devido à influência dos substantivos Pai e Palavra no verso (versículo) 7, as quais são masculinas – é com a presença de “o Pai” e de “a Palavra” que o começo e o final da passagem concordam, um princípio bem conhecido da sintaxe grega.
Com efeito, então, a única maneira pela qual o Espírito, a água e o sangue podem ser “personalizados”, é continuarmos adotando a leitura da Bíblia do Rei Tiago de 1611 e do texto grego sobre a qual ela é baseada. [Nessa leitura,] todas as três palavras são referências diretas à Trindade (verso [versículo] 7). Onde está a “Pessoa”? “A Pessoa” está no verso (versículo) 7 da Versão Autorizada de 1611.
O leitor perceberá que a frase sublinhada, “os que testificam”, ocorrendo três vezes na passagem precedente, é um particípio, o qual é um tipo de adjetivo verbal.[19][19] Como adjetivos, particípios modificam substantivos e [com estes] têm que concordar em gênero. Portanto, se um crítico textual deseja retirar esta passagem com integridade de caráter, ele deveria ser capaz de responder ao seguinte:[20][20]
a) Por que é que, depois de se usar um particípio neutro na linha um, subitamente um particípio masculino é usado na linha três?
b) Como pode ser permitido que o numeral masculino, o artigo (grego) e o particípio da linha três (todos três adjetivos masculinos) modifiquem os três substantivos neutros da linha sete?
c) Quais fenômenos da sintaxe grega (a parte da gramática que trata da maneira na qual as palavras são ajuntadas para formar frases, cláusulas ou sentenças em um sistema ou arranjo ordenados) fariam com que os substantivos neutros da linha sete fossem tratados como masculinos pelo “estes três” na linha oito?
Não há nenhuma resposta satisfatória! Estudiosos-líderes do gregos (tais como Metzger, Vincent, Alford, Vine, West, Bruce, Plummer etc.) não fazem nenhuma menção do problema, de forma alguma, quando tratam a passagem, em nenhum dos seus escritos até o presente. [21][21] The International Critical Commentary devota doze páginas à passagem mas, ignorante ou desonestamente, silencia a respeito dos gêneros que não casam.
Finalmente, com respeito à evidência interna, se as palavras fossem omitidas, as palavras concludentes, ao final do verso 8 (versículo), conteriam uma referência ininteligível. As palavras gregas “kai oi treis eis to en eisin” significam precisamente – “e esses três concordam com aquele um (antes mencionado).”[22][22] Se o verso (versículo) 7o é omitido, “aquele um” não aparece. É inconcebível como “aquele um” (grego = to hen) pode ser reconciliado com a omissão das palavras precedentes,[23][23] isto é – com a extirpação do “Parêntese”. Como Gaussen observou: “Remova-o [isto é, remova o “Parêntese”], e a gramática torna-se incoerente.” [24][24]
UMA PROVÁVEL EXPLANAÇÃO DA OMISSÃO DO “PARÊNTESE” [por alguns, posteriormente]
Há muito devíamos ter dado algum lugar a outros na defesa deste verso (versículo) tão disputado. Fazemo-lo agora, oferecendo a seguinte explanação, [muito] plausível, de como o verso (versículo) foi omitido. As palavras são as do crítico textual [realmente] crente, Dr. Edward Freer Hills, falecido em 1981:
"... durante o segundo e terceiro séculos (entre 220 e 270, de acordo com Harnack) a heresia que os cristãos ortodoxos tiveram que combater não foi o Arianismo (uma vez que este erro não tinha ainda aparecido), mas [sim] o Sabelianismo (... assim chamada devido a Sabelius, um dos seus principais promotores), que ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram um no sentido deles serem idênticos. Aqueles que advogaram este ponto de vista herético foram chamados de Patripassianos (“o Pai sofreu”), porque acreditavam que Deus o Pai, sendo idêntico a Cristo, sofreu e morreu na cruz;
"É possível, portanto, que a heresia Sabeliana colocou o Parêntese Joanino em desfavor com os cristãos ortodoxos [inimigos do Sabelianismo]. ... E, se neste período da controvérsia manuscritos foram descobertos os quais tinham perdido esta leitura ..., é fácil ver como o grupo ortodoxo consideraria tais manuscritos mutilados como representando o texto verdadeiro e encararia o Parêntese Joanino como uma adição herética. Especialmente no Oriente que falava grego, o parêntese seria unanimemente rejeitado, pois lá a batalha contra o Sabelianismo foi particularmente severa.
"Deste modo, não é impossível que durante o terceiro século, entre o stress e a tensão da controvérsia Sabeliana, o Parêntese Joanino perdeu o seu lugar no texto Grego mas foi preservado nos textos latinos da África e Espanha, onde a influência do Sabelianismo provavelmente não foi tão grande. ... embora o texto do Novo Testamento Grego tenha sido o recebedor especial do providencial cuidado de Deus... este cuidado também se estendeu, em menor grau, às versões antigas e ao seu uso -- não somente aos cristãos de fala grega, mas também aos de outros ramos [portanto línguas] da igreja cristã. Por isso, embora o tradicional texto encontrado na vasta maioria dos manuscritos gregos seja uma completa reprodução, digna de confiança, do texto original divinamente inspirado, todavia é possível que o texto da Vulgata Latina, que realmente representa o uso estabelecido na Igreja Latina desde os primeiros séculos, preserve algumas poucas leituras genuínas não encontradas nos manuscritos gregos. ... por isso, é possível que o Parêntese Joanino seja uma dessas leituras excepcionais as quais ... foram incluídas no Textus Receptus sob a direção da providência especial de Deus.” [25][25]
Assim, com respeito à evidência externa, temos visto que, no cômputo global, se 1João 5:7 é recebido, tem de ser recebido principalmente com base no testemunho da Igreja Ocidental ou Latina. Admitidamente, parece injustificável que se despreze a autoridade da Igreja Grega e se aceite o testemunho da Latina onde uma questão surge sobre a autoridade de uma passagem a qual apropriadamente pertence ao texto da primeira [a igreja grega]. No entanto, quando a doutrina contida naquela passagem é tomada em consideração, existem razões para dar preferência à autoridade da Igreja Ocidental acima daquela da Oriental.
Como a citação do Dr. Hills indica, o Arianismo surgiu logo após o período no qual a heresia Sabeliana floresceu. Arius, um presbítero de Alexandria (d. 336 D.C.) e aluno de Luciano de Antioquia, negou a divindade e a eternidade de Jesus Cristo. A Igreja Grega ou Oriental se entregou completamente àquela heresia desde o reinado de Constantino até aquele de Teodósio o Ancião, por um período de pelo menos quarenta anos (c.340-381, a convocção do quarto Concílio de Bizâncio).
Ao contrário, a Igreja Ocidental permaneceu incorrompida pela heresia Ariana durante este período.[26][26] Assim se o problema do “Parêntese” não se desenvolveu durante a controvérsia Sabeliana (como o Dr. Hills propõe), pode muito bem ter se desenvolvido durante o tempo do domínio Ariano sobre a Igreja Grega (como o Dr. Frederick Nolan tem proposto com fortíssimos argumentos). Nolan argumenta que, com os Arianos em controle da Igreja Grega durante um período de cerca de quarenta anos, Euzébio foi capaz de suprimir esta passagem na edição que “revisou”, a qual teve o efeito de remover o verso (versículo) dos textos gregos.[27][27] Portanto o verso (versículo) disputado foi originalmente suprimido, e não gradualmente introduzido na tradução Latina.[28][28]
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Resta mais uma razão válida e compelente para a aceitação da seção (em discussão) como sendo genuína. Como foi dito em alguma página acima [no livro Which Bible], o Textus Receptus sempre tem sido o Novo Testamento usado pela verdadeira Igreja! Nós temos citado a admissão Parvis deste ponto conclusivamente definitivo, e a concordância [mesmo que a contragosto] de Aland, que o Textus Receptus sem dúvida tem sido o Novo Testamento da Igreja desde a Reforma até a metade do século vinte. Esta é a mais importante justificativa pela qual devem ser mantidas nas Escrituras não apenas esta passagem mas todas as passagens que os destrutivos críticos desejam eliminar ou alterar.
Finalmente, não pode ser demasiadamente enfatizado que os sucessivos editores do TR poderiam ter omitido as passagens de suas edições. O fato que Stephens, Beza e os Elzevirs retiveram a Pericópia, apesar da relutância [inicial] de Erasmus para incluí-la, não é sem significação. O altamente erudito crítico textual luterano J.A. Bengel (“Gnomon”, publicado em 1742) também defendeu convincentemente a sua inclusão [29][29], como o fez Hills neste século. O fato incontestável é que, pela providência de Deus, o Parêntese Joanino obteve e reteve o seu lugar no Textus Receptus. Declaramos enfaticamente que a mais extrema cautela deve ser exercida em se questionar o seu direito àquele local.
Moorman nos lembra que o destino desta passagem na Palavra escrita, na realidade faz paralelo com as muitas vezes que Satanás procurou destruir a linha através da qual o Messias (a Palavra Viva) viria.[30][30] Somos relembrados, por exemplo, da perversa Atália, filha de Acab e Jezebel, assassinando todos da semente real da linhagem de Davi – exceto por Joás!
Além de tudo, este autor concorda com Moorman – a passagem tem o tinir da verdade.[31][31] Como ele, proclamamos que é o Espírito Santo (aquele que “nos guiará em toda a verdade”, João16:13) que tem lhe dado este “tinir”.
Dr. Nolan assinala que todos os heréticos teriam endossado cada letra deste texto, pois todos eles admitiam a existência de “três” poderes ou princípios, dentro de “uma” Divindade. Isto incluiu os Gnósticos, os Ebionitas, os Valentinos, os Sabelianos, os Arianos, os Nestorianos, etc. Ademais, os Sabelianos e Arianos concordam quanto a existência de “três”, compondo a Natureza Divina. A controvérsia entre as duas seitas se centra na força do termo “Filho” em oposição à do termo “Palavra” ou Logos. Como o texto usa o termo “Palavra” ao invés de “Filho”, o termo “treis” (três) no contexto do 7o verso foi tão inapropriado ao propósito dos Sabelianos (os quais confundiam as pessoas) quanto foi “to en” (aquele um) a Eusébio (porque os Arianos dividiam a substância). [Os Sabelianos diziam que Deus é uma só pessoa, que às vezes agia como um ator representando o papel do Pai, às vezes do Filho, às vezes do Espírito Santo. Os Arianos diziam que haviam 3 pessoas distintas, mas só o Pai era realmente o Deus, o Filho era criatura].
Dr. Nolan observa de pronto que o verso (versículo), como foi preservado nos manuscritos latinos, é consistente e completo, enquanto o verso (versículo) grego é internamente é defeituoso quanto sua gramátaica (pp. 259-261, 294) – como nós já temos visto. Assim Nolan nota que aqui, onde os testemunhos das duas Igrejas divergem, a evidência não deve ser muito vista como contraditória, mas, ao invés, que um dos textos é meramente defeituoso [ito é, omite algo do outro, ao invés de de contradize-lo frontalmente]. Tendo confrontado os dois testemunhos [das duas igrejas], a melhor maneira de explicar tudo que tem sido dito até aqui é supor que houve um tempo onde os duas concordaram quanto à leitura mais completa e explícita (p. 306).
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